Aula: Evangelho no Lar

        Desenvolver os itens abaixo, comentando as observações das crianças. Na parte final, ou na próxima aula, fazer um Culto com as crianças, como se fossem membros de uma mesma família.


        A prática da oração semanal, em família, já era adotada pelos Judeus, ao tempo de Jesus. Os Judeus ainda reúnem a família, às sextas-feiras, à noite, antes do jantar, para um momento religioso, que se constitui de uma leitura, pelo chefe da casa ou por alguém que lhe faça as vezes, de um texto dos Profetas e, depois, um comentário. Os Judeus usam, nessa oportunidade, acender as velas de um castiçal, entre outras práticas de um pequeno ritual.

        Jesus, que nasceu e cresceu no seio do Judaísmo, não só conhecia, como valorizava essa prática religiosa tradicionalmente vivida em família. O Mestre deixou testemunho de sua apreciação a respeito desse momento religioso vivido no lar, em diálogo com Simão Pedro, numa oportunidade em que estava hospedado na casa do Apóstolo.

         O Mestre aproveitou a ocasião para mostrar o que é essencial nessa reunião em família, tirando dela aquilo que não era essencial, como o uso de velas e de um ritual que conssistia na distribuição  de um pedacinho de pão e um pouco de vinho a cada um dos participantes. Depois de uma conversa com o dono da casa, a respeito do papel educativo do lar perante o mundo, o Mestre convida-o a reunir os familiares em torno da mesa e, para deixar registrado que não se tratava apenas de oração, mas sim de estudo, conversação nobre e meditação elevada, ele – que não precisaria nunca consultar textos escritos – deixou-nos também o testemunho da necessidade da consulta aos “escritos da sabedoria”, conforme relato de Néio Lucius, no capítulo primeiro do livro “Jesus no Lar”:

        “Simão Pedro fixou no Mestre os olhos humildes e lúcidos e, como não encontrasse palavras adequadas para explicar-se, murmurou, tímido:

        – Mestre, seja feito como desejas.

        Então Jesus, convidando os familiares do Apóstolo à palestra edificante e à meditação elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o primeiro Culto Cristão do Lar.”

        Essa prática da leitura nobre, da conversação sadia e da meditação elevada no seio da família desapareceu com o passar dos séculos, subsistindo, no meio Católico Romano apenas as chamadas rezas, novenas e trezenas, levadas a efeito apenas em ocasiões especiais. Com a Reforma, algumas das igrejas protestantes reviveram essa prática, retomando-lhe o caráter de atividade semanal, mas não recuperaram a prática do estudo, da conversação e da meditação elevada, limitando-se à leitura da Bíblia e ao cântico de salmos e de hinos sacros.

         Reviver integralmente a prática ensinada por Jesus ficou mais fácil para o Espiritismo, por ser uma  religião sem templos (vide aulas 15 “B” e 35 “B” ). No espírita, não se forma o hábito do comparecimento ao Centro para o “encontro com Deus”, na “casa de Deus”, de vez que o Centro Espírita é considerado uma casa de trabalho e não, necessariamente, de oração. Assim, fica mais fácil estabelecer-se o templo no lar, sacralizando-o. O ensinamento dos Espíritos é sempre no sentido de reunir-se a família no lar, para a oração em conjunto, para o estudo, a conversação elevada e a meditação. A essa prática dá-se o nome de “Estudo do Evangelho no Lar”, ou “Culto do Evangelho no Lar”, ou, ainda, “Culto Cristão do Lar”. Aprendemos, com os Espíritos, que o nosso lar deve ser o nosso templo, o nosso santuário.

         “O Culto do Evangelho no Lar” não é uma inovação. É uma necessidade em toda a parte onde o Cristianismo lance raízes de aperfeiçoamento e sublimação.

         Quando o ensinamento do Mestre vibre entre quatro paredes de um templo doméstico, os pequenos sacrifícios tecem a felicidade comum.”(Emmanuel, “Instrumentos do Tempo”, cap. 38).

         “Dedica uma das sete noites da semana ao Culto do Evangelho no Lar, a fim de que Jesus possa pernoitar em tua casa. Prepara a mesa, coloca a água pura e ora. Jesus virá em visita.Quando o lar se converte em santuário, o crime se recolhe ao museu.

         Quando a família ora, Jesus se demora em casa.

         Quando a família ora em casa, reunida nas blandícias do Evangelho, toda a rua recebe o benefício da comunhão com o Alto.

         Se alguém, num edifício de apartamentos, alça ao Céus a prece da comunhão em família, todo o edifício se beneficia, qual lâmpada ignorada, acesa na ventania.” (Joanna de Ângelis, “Messe de Amor”, cap. 59).

         “Ao menos uma vez por semana, formar o Culto do Evangelho com todos aqueles que lhe co-participam da fé, estudando a verdade e irradiando o bem, através de preces e comentários em torno da experiência diária à luz dos postulados espíritas. Quem cultiva o Evangelho em casa, faz da própria casa um templo do Cristo.” (André Luiz, “Conduta Espírita”, cap. 5).

         Existem, como essas, dezenas de mensagens dos Espíritos, concitando a que grupos familiares se reúnam, nos próprios lares, a fim de orarem, estudarem e meditarem. No Espiritismo, aprendemos que, ao  orarmos, produzimos vibrações superiores, que impregnam o ambiente, até mesmo as paredes do recinto onde nos encontramos. Com a repetição, o local fica como que saturado de energias nobres, que podem ser vistas, em forma de luz, conforme se lê no seguinte trecho:

          “Em todos os compartimentos havia luz do nosso plano, indicando a abundância dos pensamentos salutares e construtivos de todas as mentes que ali se entrelaçavam na mesma comunhão de ideal.” (André Luiz, “Obreiros da Vida Eterna”, cap. 12).

         Sabedores dessas verdades, devemos implantar o Culto Cristão em nossos lares. Para isso, devemos proceder com simplicidade e boa vontade:

         Inicialmente, deve-se escolher dia da semana e hora em que todos, ou o maior número possível dos membros da família possam estar presentes. A partir daí, observar rigorosamente o horário de início, pois de acordo com a responsabilidade demonstrada pelos participantes, haverá Espíritos que estarão presentes para auxiliarem nos estudos e dispensarem outros benefícios aos presentes.

         Não há necessidade da presença de pessoas portadoras de grande conhecimento da Doutrina Espírita, a fim de explicarem o que for lido. Pouco a pouco, os participantes do Culto irão desenvolvendo a capacidade de captar a inspiração dos Benfeitores Espirituais, desenvolvendo, também, sua própria capacidade de interpretação. O elemento mais necessário é a boa vontade e o desejo sincero de reunir o grupo familiar para a oração e o estudo.

         A região poderá ser feita na sala onde se fazem as refeições, em torno da mesa, ou em outra dependência da casa. Não há necessidade de toalha, de flores, ou de qualquer outro objeto de adorno, além daquilo que se usa normalmente. Nada além do material de leitura, como livros, mensagens, e uma vasilha com água, que os Benfeitores Espirituais magnetizam e que, ao final da reunião, será servida aos participantes.

         Depois da prece inicial – que deverá primar pela espontaneidade – deve-se ler um trecho de O “Evangelho segundo o Espiritismo”, que será comentado, na medida do possível, pelos presentes. Poderão ser lidas páginas de outros livros da Doutrina, ou mensagens avulsas. Todos os participantes devem cuidar para que a conversação seja equilibrada e construtiva, falando um por vez, evitando-se, assim, a agitação do ambiente pela elevação do volume de vozes. O Culto do Evangelho no Lar propicia excelente oportunidade para que se desenvolva a capacidade de ouvir e de aguardar a vez de falar.

As crianças deverão ter oportunidade para falar, ocasião em que poderão comentar os ensinamentos recebidos na Escola Espírita de Evangelização. Nesse particular, o Evangelizador deverá orientar as crianças no sentido de participarem ativamente da conversação que deverá ser estabelecida no Culto, pedindo elas, sempre, explicações daquilo que não conseguiram compreender.

O Culto do Evangelho no Lar deve ter a participação de apenas aquelas pessoas que habitam a mesma casa. Na hipótese de haver parentes ou amigos que queiram participar, poderão fazê-lo como convidados, mas não em caráter permanente. Se essas pessoas realmente desejarem participar de um Culto, o mais acertado será ajudá-las a que instalem também elas o seu Culto em suas casas.

No Culto do Evangelho no Lar não devem ocorrer manifestações mediúnicas. O recurso do passe deve ser usado apenas para as pessoas pertencentes ao grupo familiar. Deve-se tomar cuidado para que o Culto não se transforme num “posto de passes” para a vizinhança. Evidentemente, num caso especial, socorre-se algum necessitado, devendo-se encaminhá-lo, posteriormente, a um Centro Espírita.

Da mesma forma que deve ser observado o horário para o início, o horário de término deve ser estabelecido, a fim de que os Espíritos possam também eles se programarem. O tempo ideal vai de meia a uma hora. O encerramento deve ser feito com uma prece simples, através da qual se agradeça ao Alto os benefícios recebidos.

Depois de explicar às crianças todos os procedimentos e as vantagens decorrentes da prática do Culto do Evangelho no Lar, fazer com elas, na parte final da aula - ou na aula seguinte - um Culto completo, que contenha as etapas citadas no roteiro. Deve-se ressaltar que não se trata de um ritual que deva ser seguido à risca. É apenas um roteiro, uma orientação. O essencial é que haja uma prece inicial e outra final, alguma leitura nobre, e que os comentários, ou seja, o uso da palavra se faça equilibrado, evangélico.



Material Didático: Cópias do roteiro e da bibliografia recomendada.





    






ROTEIRO DE UM CULTO DO EVANGELHO NO LAR        



         1. Prece inicial.

       2. Leitura de um trecho de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, ou de outro livro citado na bibliografia, ou de mensagem avulsa, cujo teor seja adequado.

         3. Fazer comentário do que foi lido, incentivando todos à participação

         4. Leitura de outra página, caso a primeira não tenha suscitado comentário suficiente.

         5. Prece de encerramento, que pode incluir pedido de amparo a necessitados encarnados e desencarnados.

         6. Distribuição da água fluidificada aos participantes da reunião.



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